Novembro, após uma tempestade, Tóquio tornou-se gelada. No apartamento vazio, já que Haruma demora a voltar para casa, Takeru decide fazer chocolate quente. Está irritado com o amante. Quando Haruma, por fim, chega, traz consigo o frio das ruas. Essa mistura doce e fria poderia fazer algum sentido?
Apenas antes de começar, um desabafo (como sempre kk). Quem me conhece sabe as dificuldades que eu ando enfrentando para escrever, por isso fiquei muito feliz ao conseguir concluir essa oneshot! A inspiração veio ontem à noite ao ver esse desenho maravilhoso feito pela
. Visitem o tumblr dela, tem desenhos maravilhosos lá!
Foi escrita com muito carinho.
Betada pela minha querida marida, Dani. Obrigada, more <3
Sobre Chocolate Quente e
Lábios Gelados
Capítulo Único
Autoria de Jenny Camui
– Droga! – a
voz rouca preencheu o silêncio da cozinha enquanto o líquido branco escorria
pelo piso esmaltado. O característico odor adocicado de leite invadindo o
ambiente.
Olhou o
relógio de parede pela terceira vez em menos de dois minutos.
Ele estava
atrasado.
Com algumas
toalhas de papel livrou-se do líquido, mas seu aroma ainda estava forte no
chão. Jogou as toalhas encharcadas de qualquer jeito sobre a pia de inox. O rapaz
não era um exemplo em faxina e organização, não. Esse era seu namorado. Aquele sim
gostava de tudo perfeitamente arrumado e limpo.
Não conteve
um sorriso torto ao imaginar a expressão do parceiro caso soubesse da porca
limpeza que fizera.
Logo seu
sorriso morreu e continuou a preparar sua bebida quente. Era novembro e a
temperatura havia despencado após uma
tempestade que durara a tarde toda.
Ergueu os
braços no intuito de fazer com que a gravidade puxasse as longas mangas do
casaco que lhe cobriam os dedos. Porque, obviamente, o agasalho quente e cinza
não era seu, mas sim dele. Assim como a calça que lhe sobrava nas canelas.
Gostava de
vestir as roupas dele quando ficava só, sentia-se perto dele, acolhido.
Contudo,
estava irritado. Ele havia dito que voltaria antes das oito para jantarem
juntos e já eram quase dez.
Sentou-se no
sofá vermelho parcialmente coberto por um rico tecido dourado. Claro, obra de
seu namorado. Por ele teriam o mesmo sofá de couro que usava até três semanas
atrás, antes de venderem seus apartamentos e comprarem um maior para viver
juntos.
Aproximou a
xícara fumegante dos lábios muito bem desenhados, que tanto davam trabalho aos
maquiadores para lhe passar batom ou brilho. Assoprou um pouco antes de tomar o
primeiro gole de sua bebida favorita: chocolate quente.
Na realidade,
apreciava todas as coisas doces, mas as que levavam
chocolate sempre teriam sua preferência. Totalmente oposto a ele.
O barulho da
chave girando na fechadura fez seu coração disparar, mas apenas tomou mais um
gole de sua xícara com inúmeros gatinhos desenhados, enquanto olhava de esguelha o relógio na parede.
Duas horas de
atraso.
Ouviu-o tirar
os sapatos e pôde presumir que os arrumara devidamente na entrada. Assim como
pendurara o casaco com perfeição antes de finalmente adentrar a sala, sorrindo amarelo ao encontrá-lo
degustando sua bebida doce.
– Acordado,
Takeru? – permaneceu parado em pé, sem saber como se desculpar.
– Sim. – foi
seco.
– Eu acabei
me atrasando um pouco. – coçou a nuca, sentindo seus cabelos negros e lisos.
– Um pouco,
Haruma? – encarou o namorado pela primeira vez naquela noite.
Mesmo
irritado, não pôde deixar de admirá-lo.
Miura Haruma
usava apenas um suéter marrom com as mangas arregaçadas até os cotovelos, os
cabelos negros muito bem arrumados e um jeans justo e preto envolvia suas
longas pernas.
– Perdão,
Takeru. – aproximou-se e sentou-se ao lado do menor, tocando a face
alheia com as pontas
das falanges.
– Você está
gelado. – sussurrou, desnorteado com a proximidade do mais novo.
– Está bem
frio lá fora. – falou baixo também, puxando a caneca com cuidado dos dedos
finos que a seguravam, deixando-a sobre a mesa de centro. – Estava com saudades
de você. – sorriu ao notar as bochechas macias tornarem-se rosadas.
– N-Nem vem.
– espalmou as mãos no peito do maior, sem saber
se o afastava ou se acariciava aquela região – Eu fiz hambúrguer, sabia? – um biquinho formou-se em seus lábios – Fiquei
esperando.
Haruma mordeu
o lábio inferior. Ele bem sabia o quanto era difícil para o mais velho
cozinhar, e que se ele o fizera é porque estava tentando agradá-lo.
– Desculpa. –
disse num sussurro enquanto afundava o rosto na curva do pescoço de Takeru,
depositando um beijo ali.
Os pelos do
rapaz se eriçaram. Os lábios de Haruma estavam frios e sua pele quente.
– Por que
demorou tanto? – fechou os olhos, tentando se concentrar e lembrar-se que
estava irritado com Haruma, mas era difícil enquanto tinha aqueles lábios frios
beijando-lhe a pele tão sensível do colo.
– O
diretor... nos fez ensaiar... uma hora a mais. – intercalava as palavras com
beijinhos que foram subindo, contornando o maxilar de Takeru, aproximando-se do
queixo – Depois... quis acertar mais... alguns detalhes... da peça. – calou-se
ao ter os lábios separados dos de Takeru por milímetros.
Ambas as
respirações estavam descompassadas, os olhares fixos um no outro.
– Não ouse.
Ainda estou irritado... – Takeru tentou soar firme. Em vão.
– Muito? –
riu enquanto mordia o queixo do amado.
– Bastante. –
sibilou sem conter um sorrisinho com a expressão exagerada do mais novo.
– Que pequeno
tirano. – acomodou-se no móvel, deitando-se lentamente e puxando o corpo magro
para si, acomodando-o entre as pernas.
– Você está
gelado. – reclamou.
– E você está
tão quentinho. – sorriu e levou uma mão à nuca do Sato, rindo baixo ao vê-lo se
arrepiar.
Finalmente
juntou seus lábios como desejara fazer o dia todo. Beijou e chupou aquela boca
macia antes de deixar sua língua serpentear para dentro da cavidade úmida,
entrelaçando-se à outra.
Deliciou-se
com o gosto do chocolate naquela boca, mesmo que não gostasse de coisas doces.
Seus lábios estavam frios, mas Takeru não se importou. Sentir o gosto da boca
do amante era o que lhe interessava de fato.
Beijaram-se
por longos minutos, as mãos já corriam espertas pelos corpos esbeltos,
apertando as partes que lhes agradavam mais.
Foi enquanto
sentia Haruma encher as mãos com suas nádegas redondas e durinhas que Takeru
sussurrou contra seus lábios:
– Estava com
saudades.
O mais novo
apenas sorriu, acariciando o rosto bonito com carinho.
– Eu sei, meu
pequeno.
Voltaram a
beijar-se, com muito mais afinco dessa vez. O som
dos lábios escorregando era deveras excitante. Takeru já gemia baixo
como um gatinho,
sentindo as mãos grandes de seu homem o apalparem por toda parte.
Haruma
afastou-o um pouco, apenas o suficiente para erguer seu tronco e livrar-se do
suéter e da camiseta de uma só vez, revelando o tronco de tez alva. Takeru
imitou-o, enchendo os olhos de Haruma com seu físico magro e delicado antes de
voltar a deitar sobre ele.
– Então vamos
inaugurar o sofá? – perguntou com seu eterno jeito de moleque e com um sorriso
sapeca no rosto.
– Pois é –
Haruma sussurrou enquanto invertia suas posições, podendo usar seu peso e força
para dominar o parceiro agora.
Takeru
gostava de sentir-se dominado, de ser passivo no sentido literal da palavra.
Sentir que seu homem estava ali por ele elevava seu ego.
O maior
desceu os beijos pelo corpo pequeno, deixando um rastro de saliva. Demorou-se
no pescoço longo que chupou e marcou como seu. Continuou descendo até chegar onde
Takeru gostava de ser tocado: nos mamilos túrgidos
que despontavam como dois botões de rosa em seu peito liso.
Lambeu, chupou,
prendeu-os entre os dentes; tudo regado ao som dos
gemidos agudos do namorado, que apertava-lhe os cabelos entre os dedos enquanto
chamava seu nome.
Continuou
descendo, beijando a barriguinha que tanto o seduzia, enfiando a língua no
umbigo alheio, explodindo em excitação com o gemido que conseguiu com isso.
Num movimento
ligeiro livrou-se do moletom e da cueca que cobriam o corpo que tanto adorava.
Tinha pressa, urgência daquele corpo.
Não pôde
conter um gemido ao desfrutar da nudez de Takeru, seu membro pulsando de
excitação dentro da roupa íntima.
A cintura tão
fina, peito e barriga lisos, o quadril arredondado que lhe enlouquecia, as
coxas roliças e a pequena ereção rosada.
Quando olhava
para seu pequeno assim, tão entregue, não podia evitar que um sentimento de
posse o tomasse. Takeru era seu, de mais ninguém! Mataria quem quer que fosse o
alguém que tivesse a visão que tinha naquele momento. Sentia medo. Medo de
perder sua princesa, como costumava dizer.
Medo de que outro roubasse a pessoa mais bela que já havia visto.
– Parece uma
pintura de Renoir. – sussurrou com a voz rouca de excitação.
Takeru
gargalhou e ergueu os braços, jogando-os no sofá lado a lado do rosto. Haruma
pensou que não haveria imagem mais bela.
– Sabe que
não faço ideia de quem seja esse, não sabe? – continuou sorrindo.
Haruma não
respondeu, voltou a deitar sobre aquele corpo, entre as coxas roliças e macias,
as quais apertou entre os dedos, tomando aqueles lábios com desespero e tesão,
chegando a feri-los.
– Hmm. Hamu,
ah! – gemia e arranhava as costas largas do homem que se esfregava contra ele.
– Você é meu
– murmurava entre um beijo e outro, abrindo aquelas pernas para que se
encaixasse melhor. – Só meu, Takeru.
– Ah! Calma.
– pediu, mas não foi atendido.
O maior tinha
pressa, tinha fome daquele corpo.
Por mais
centrado que fosse, Haruma sempre perdia as estribeiras só de imaginar outra
pessoa tomando se pequeno. Podia parecer
insano, mas ele não se importava. Mesmo que Takeru sempre tenha se mostrado
fiel, ele notava os olhares desejosos que o mais velho recebia e ficava louco
com isso.
Passou a
chupar o pescoço exposto com desespero, deixando marcas vermelhas que logo se
tornariam arroxeadas. Takeru gemia de dor e prazer, apertando-lhe os ombros
largos entre as mãos pequenas.
Abriu o zíper
de seu jeans e abaixou apenas o suficiente para que conseguisse livrar sua
potente ereção daquele aperto. O menor mordeu o lábio inferior ao olhar por
entre os corpos o pênis grosso de veias altas que Haruma guiava para seu
orifício rugoso.
– Ham...
Ahhh! – gemeu alto, cravando as unhas um pouco compridas nas costas do outro.
Haruma
costumava ser mais cuidadoso e preparar o corpo do amante para recebê-lo, mas
não daquela vez. Queria saciar seu desejo, sua saudade, e abrandar seu ciúme sem causa aparente.
Penetrou-o
lentamente, mas sem pausas, só parando quando acomodou seu grande falo dentro
do canal apertado e quente que o envolvia.
– Hum, Take –
lambeu os lábios daquele que tinha lágrimas silenciosas a escorrer pela face –
Tão apertadinho. – sorriu.
– Ah, ah,
Hamu – tocava o rosto simétrico do namorado de forma desajeitada – Espera...
Está doendo. – choramingou.
Beijou os
lábios rosados com calma e carinho, segurando firme nas coxas macias que
enchiam suas mãos.
Depois de
alguns instantes apenas beijando o menor, sentindo suas mãozinhas em suas
costas, não pôde mais se segurar. Começou com estocadas longas e lentas,
gemendo baixo em contrapartida aos gemidos
agudos que ecoavam pela sala.
Uma nova
chuva caía lá fora, a temperatura novamente se aproximava dos 5°C, mas não
dentro daquele apartamento. Os corpos suados emitiam um barulho alto quando se
chocavam. Os gemidos de prazer, as palavras desconexas e o som dos beijos
molhados eram a melodia que envolvia a dança que ocorria no sofá, cuja rica
capa dourada jazia esquecida no chão.
– Ah, Take –
a voz rouca e ofegante soou enquanto Haruma arremetia com força contra o corpo
magro, segurando-lhe as coxas erguidas – Estou quase... – era demais para ele
sentir-se apertado e sugado naquele espaço macio.
– Ah, não –
gemeu – Ainda não. Hum!
Tomou a
ereção pequena com a mão direita, masturbando-a no mesmo ritmo das irrequietas
estocadas, delirando com os gemidos de Takeru que agora lhe arranhava os
ombros. Era doloroso e sempre ardia no banho, mas valia a pena. Era a prova de
que dava prazer ao namorado.
– Ah, Hamu!
Tão gostoso! Ahhhh – gritou enquanto o líquido espesso e perolado saía em jatos
de seu pênis, sujando a própria barriga.
O maior
apoiou todo o peso de seu corpo nos braços, as mãos ladeando a cabeça do rapaz
de cabelos castanhos que agora circulava seu quadril com as pernas. Estocava
com força e até mesmo certa brutalidade, com movimentos viris e certeiros,
acertando a próstata de Takeru em quase todas as vezes.
– Que
delícia! Muito apertado... – urrava de prazer, levando-se ao limite de seu
corpo – Hum! Toma, meu pequeno!
Numa estocada
mais profunda, que arrancou um suspiro longo de Takeru, despejou sua semente
naquele corpo, com um último gemido gutural.
Movimentou-se
lentamente mais algumas vezes, buscando prolongar a sensação do orgasmo em seus
corpos. As pernas delicadas caíram cansadas contra o sofá. Haruma deixou que
seu corpo caísse sobre o de Takeru enquanto ambos buscavam tranqüilizar suas
respirações.
Com um
sorriso cansado, beijou aqueles lábios que tanto adorava, acariciando os
cabelos castanhos e sedosos do mais velho.
– Isso foi
muito gostoso.
– Quase
acabou comigo. – ralhou e puxou os cabelos tão negros com pouca força.
– Ai! – riu,
estalando as bocas uma vez mais.
Calaram-se,
apenas olhando-se nos olhos naquele momento tão íntimo. Ainda com os
sorrisinhos contentes nos lábios. O silêncio parecia cheio de palavras que não
precisavam ser verbalizadas, que eles podiam sentir.
Nos olhos de
Haruma, Takeru podia ver tudo o que ele não dizia.
Nas mãos
de Takeru, ainda em seus cabelos, Haruma sentia as
palavras silenciosas.
Ali, naquela
sala tão quente contra um dia tão gelado em Tóquio, onde dois jovens viviam
apenas o começo de sua história, esquecida sobre a mesinha de centro, uma
xícara de chocolate esfriava.